segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Fui

Guarulhos,  sentado na coluna bem próxima asa A. Procurando um rabete de energia elétrica para tentar saciar meu tédio, ligo o computador e começo a escrever. Minha tarefa é contar os passos que se aproximam.  Antes de começar a observar já posso escutar um  trotear apressado e curto, talvez um salto ou um escarpam fino. Apressada, a dona e seus pés dirigiram-se ao portão de embarque internacional. Parece afobada ou fugindo de algo. Talvez dela mesmo ou de alguém.


Ela se foi.

Agora, um ou outro chamado sobre as mudanças de portões ou atrasos de vôo, normal. Um casal passa com o filho sob o carrinho,  5 ou 6 anos, cabelo liso  em forma de cuia tem dois olhos negros de jabuticaba. Cara de levado? Não. Deve ser um bom menino, ao menos parece daqui. Pergunto-me por que seus dois olhos de frutas ficaram vidrados em meu computador. O olhar acompanhou quase três lances de coluna. E depois?

Ele se foi.

Uma turma de amarelo, todos bem parecidos. Abraçam-se muito. Espinhas no rosto, aparelho nos dentes e um turbilhão de sonhos por m². Refiro-me a um grupo de adolescentes  que irão para Disney. Os pais parecerem felizes por enviar essa turminha, além de uma realização, agora pais & filhos vão tirar férias um do outro.

Eles se foram.

Duas olhadas no relógio a cada 300 segundos. Está quase na hora. Sentei aqui com tarefa de contar os passos e nessa missão fracassei. Foram tantos, uns passaram despercebidos outros chamaram minha atenção. Talvez na vida nós sejamos assim, passamos pela vida dos outros e continuamos, com passos curtos, em conjunto ou sobre o carrinho. Não importa. Todo mundo tem sua hora de ir.

E fui.

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